domingo, 28 de outubro de 2007

SÍNTESE DO TEXTO AUDIÊNCIA - LEN MASTERMAN

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
MESTRADO EM EDUCAÇÃO - TECNOLOGIA DIGITAL
DISCIPLINA – MÍDIA E EDUCAÇÃO
PROFESSOR – ROBERTO APARICI
ALUNO – Francisco Sueudo Rodrigues

SÍNTESE DO TEXTO AUDIÊNCIA – LEN MASTERMAN

INTRODUÇÃO
Ao longo da história da educação visual a audiência tem sido um fenômeno relativamente pouco estudado. Este resultado curioso, uma vez que a audiência tem sido o princípio, o foco da atenção principal das investigações dos meios. Há razões principais porque a educação audiovisual tem se descuidado dessa área tão importante.
Em primeiro lugar, podemos considerar como conseqüência de uma herança literária que recebe os ensinamentos dos meios, herança de uma crítica literária que consiste na subordinação por parte dos leitores e autoridades paralelas ao autor. A educação audiovisual está baseado predominantemente na crença em que os significados textuais são produzidos pelos autores (escritores, diretores e produtores).São inerentes aos documentos e somente oferecemos aos leitores experientes e sensíveis. Deste ponto de vista, a interpretação se converte em uma atividade ideologicamente inocente que tem lugar no vazio social e histórico, no lugar de ser uma construção que reflete e se opõe as posições ideológicas dos leitores.
Em segundo lugar o porquê a educação audiovisual tem se descuidado normalmente da audiência como área de interesse, reside em que, embora as investigações de comunicação de maior amplitude de audiência tenham tido de grande importância, se tem premiado uma posição escassamente mais dinâmica do que os modelos de base literária.
As audiências como recepção de mensagens têm empreendido muitas investigações, com bons recursos financeiros, para descobrir os efeitos dos diferentes tipos de comunicação sobre suas audiências. Como se sabe, esta investigação tem produzido poucos resultados positivos, em grande parte devido as dificuldades que aparecem na hora de separar a influência das comunicações da influência de outros fenômenos sociais, tal como a família, os companheiros, os líderes de opinião e outros fatores desse tipo.
A representação das audiências, como consumidores de uma economia de Laissez Faire, que tem selecionado ser livre e racional sem problema no mercado livre, escolhem os documentos que gostam, querem e necessitam. Implica que a audiência obtém o que quer e que as coisas são como devem ser porque são resultados de uma escolha livre e racional. Por isso se apóia sobre uma série de pressupostos duvidosos e na realidade acha que tem caráter circular.
Desde 1980 se têm publicado muitas pesquisas importantes sobre estes temas. Dado que sua aplicação no desenvolvimento da educação audiovisual é significativa, e precisa que tenhamos um breve resultado das correntes mais importantes.
QUESTIONAMENTO DAS AUDIÊNCIAS – MORLEY, HOBSON E SMYTHE
Os estudos realizados por David Morley sobre as respostas de audiência ao programa de televisão do tipo magazine, Nationwide, se baseia nas reações ante o programa de 29 grupos de diversos âmbitos sociais e culturais.
As implicações deste enfoque da decodificação que leva a cabo as audiências têm conseqüências transcendentais no campo da educação audiovisual, sendo para todas as interações educativas. Posto que seu significado não esteja no próprio documento. Sem uma interação entre audiência e documento, este campo será certo ante a televisão, sendo também incerto em todas as aulas.
Por último a transformação dos alunos de receptores passivos da comunicação dos outros, para ativos credores de significados – sua transformação de objeto da educação é algo que lhe sucede em sujeito que cria conhecimento – deveria ser libertadora tanto para alunos como para professores e deveria contribuir para promover o desenvolvimento de um diálogo autêntico em aula.
David Morley diz:
A mensagem televisiva é um signo complexo, no que se tem feito uma leitura preferida, por que, se decodifica de maneira diferente a forma que se codificou, mantendo a possibilidade de comunicar significados diferentes. A mensagem é, portanto, uma estrutura polissêmica. Nesta teoria é fundamental que todos os significados existem de igual maneira, na mensagem, se tenha estruturado significados predominantes e que estes significados nunca podem ser fixos totalmente. Portanto, a forma preferida da leitura é parte da mensagem que se pode identificar, em sua estrutura lingüística e comunicativa. Assim, pois o momento da codificação, exerce desde o fim da produção, um efeito adicionador adicional e que sua conclusão não está plenamente determinada, nas diferentes fases da cadeia de comunicação.
O fim da comunicação audiovisual e proporcionar aos alunos a competência que lhes capacitem para desenvolverem-se completamente, possibilitando um documento codificado. Seja a audiência e os alunos uma interpretação e aceitação dos mesmos.
Adaptando o modelo básico de Parkin e Hall, Morley sugere três amplos marcos no que se pode situar a pessoa que decodifica o documento dominante( a mensagem, o negociado e oposto da negociação).
Parkin mantém a hipótese de que estas marcas formam a base de diferentes sistemas de significados, orientados nas classes sociais. Morley nunca se envolveu com as categorias amplas de Parkin, se preocupa de decifrar a complexidade das respostas da audiência real e defende que a decodificação de documento não pode ser extraída das posições de classe, raça ou gêneros subculturais. Do mesmo modo os significados tão pouco podem extrair das características do texto. É ponto fundamental que a posição social não correlacione diretamente, nem de forma inquestionável com as codificações.
É preciso que a importante noção de que as audiências realizam suas próprias operações ideológicas sobre os documentos, sejam integrada no ensinamento audiovisual de todos os níveis tanto para professores quanto alunos.
As conclusões de Doróthy Robson têm aplicações fundamentais na prática da educação audiovisual. A televisão é uma nova forma de arte contemporânea e comunicação. Suas possibilidades de expansão parecem ser infinitas. Se pretendemos progredir e comunicarmos com a audiência, devemos liberar a si mesmo das formas de críticas enraizadas com outras formas de comunicação. Os profissionais do rádio e da televisão deveriam reconhecer que quando se reúne uma grande audiência não se deve depreciar os programas menos aceitos por ela. Uma telenovela que atrai e conecta e se conecta com as experiências de 15 milhões de pessoas em uma obra de arte tão válida e valiosa como uma obra de teatro ou um documento que pode atrair os quatro milhões de expectadores. Não é melhor nem pior uma que a outra. São sensivelmente programas diferentes e cada um deles depende para seu valor último, da compreensão que a audiência lhe confere.
A obra de Doróthy Robson é um beneficiamento de algo que normalmente se encontra tanto nas teorias da comunicação de massa, como nas formas tradicionais de educação audiovisual. Uma investigação sensível das respostas concretas das audiências reais da produção dos meios. Esta ausência existe por uma das maiores debilidades estratégica da educação audiovisual: sua aproximação geralmente negativa e pessimista, as formas populares dos meios e seus supostos efeitos.
A razão mais aceitável, consiste em que uma educação audiovisual que não pode funcionar com o material que as crianças lêem e vêem normalmente, não pode oferecer aos alunos alguma noção sobre as coisas que eles gostam e preferem, não merece nem se quer esta denominação. O que tem haver o docente com os documentos populares, uma vez que se tenha pertencido às empresas?
Doróthy Robson oferece um grande avanço para o professor dos meios, pois que é necessário avançar ainda mais. Paradoxalmente, um trabalho recente mas substancial e provocativo sobre audiências é realizado por economistas marxista canadense, Dallas Smythe, e se enquadram entre as teorias que consideram os meios dentro de uma sociedade de massa, cujas limitações já temos analisado. Sem embargo, a obra de Smythe tem uma incidência profunda no desenvolvimento do ensino dos meios, posto que a discrição dialética das audiências dos meios é a mais detalhada e mais completa de que dispomos.
Desde então, o conteúdo não ostensivamente publicitário dos meios de massa se produz não como produto principal, mas sim como sendo o alimento gratuito, para criar uma audiência cujo poder é vendido pelos meios de comunicação dos anunciantes. Smythe compara diretamente a força da audiência com a força do trabalho, pois há uma diferença sugnificativa. Não se paga a audiência por seu trabalho, se paga ao proprietário dos meios que produz a força da audiência, as audiências não vendem seu próprio trabalho: são as operadoras dos meios que fazem a venda.
Smythe denomina os meios de massa como indústria de conscientização, cujo produto principal é para as pessoas que estão dispostas a comprar bens de consumo, pagar impostos, trabalhar em trabalhos alienantes para poder seguir comprando. Pelos meios se produz também outras formas de consciência: gente que está disposta a apoiar uma determinada política no lugar de outra, ou apoiar um ou outro candidato político, ou apoiar Israelitas ou os Árabes.
Evidentemente temos tido um grande avanço, desde a visão dos meios como ministradores de informação, entretenimentos e educação e na publicidade que julga ter um papel subordinado. Depois de Smythe é difícil considerar a publicidade como uma forma de filantropia que só serve para baixar os preços dos periódicos a uma quantidade que todo mundo pode pagar, o que oferece no rádio e televisão, independentemente, é grátis. Nem tampouco é possível considerar a audiência semelhante como a fase final do processo de comunicação, como receptores na problemática das mensagens, porque o principal objetivo dos meios é produzir determinado tipo de consciência, então as questões de audiência são fatores determinantes e importantes que aparecerão em todas as fases de sua produção, desde a concepção até a finalização.
Embora Smythe estabeleça uma visão dialética das audiências, sua concepção dos meios é curiosamente mono política, e sua lógica, positivista. Se atribuem efeitos concretos e causas singulares (a força da audiência existe nos meios), os meios têm efeito diferenciado ( a indústria de conscientização produz, escravos mentais. Inclui ao falar dos grupos raciais subordinados do norte da América ( os negros, os porto-riquenhos, etc.) Smythe considera que o uso da submissão da indústria de conscientização é total: A contradição principal que tem sua consciência consiste em sua vinculação a mensagem total das indústrias de conscientização. E seu desejo de ter mais controle de suas vidas.
Os professores dos meios que trabalham na intersecção dos documentos dos meios e das respostas das audiências não podem descartar ambos aspectos tão sumariamente. A resposta lógica de uma situação em que a audiência é um autêntico bem de consumo, que se vende em lugar de vender notícias, é o desenvolvimento de boletins gratuitos de anúncios, que renuncia a toda pretensão de ser periódicos, não distinguem entre artigos informativos e artigos publicitários, existem unicamente com os ingressos que geram suas tiradas por publicidade e não tem a sobrecarga de nenhum tipo de obrigação com seus leitores. Outra face do mesmo fenômeno é o auge das empresas de data base que vendem determinado tipo de audiência (interessada de maneira especial em qualquer coisa, desde o colecionador de selo até a educação audiovisual) para as empresas que podem estar interessadas nela. Sem embargos, como veremos, não temos que seguir a Smythe quando considera que estes desenvolvimentos são inteiramente negativos. Por exemplo, os grupos ante-nucleares têm usado espaços disponíveis nos boletins gratuitos de anúncios para defesa de sua causa, algo que não dispõe normalmente a imprensa, do mesmo modo que pequenas iniciativas editoriais.

POSICIONAMENTO DA AUDIÊNCIA

É defendido que a relação da audiência e do documento é do tipo dialético e temos observado que nós, como membro da audiência, somos os responsáveis, em último término, da compreensão dos documentos.
Também nos abre um aspecto social mediante o modo em que o documento se dirige a nós, por sua decoração e formato. Por último, esses espaços físicos e sociais que estão vinculados com posições ideológicas, maneiras naturais, de observar e entender a experiência. Vejamos alguns exemplos:
a) Notícias de televisão
Ao iniciar um informativo, um locutor que olha diretamente a câmera se dirige a nós e oferece os fatos. Se dá a cada expectador o papel de destinatário direto. Se apresenta uma entrevista filmada em outra posição não se dirige diretamente a nós, sem que escutamos indiscretamente, observamos e julgamos. A posição diferente nos garante que alguns aspectos da experiência devem ser aceitos, a menos que outras opiniões requeiram outros juízos. Há muita discussão nos periódicos entre fatos e opinião integrada na maneira em que nos situa frente aos diferentes aspectos da experiência.
b) Tempo Disney
A rádio time descreve um episódio da Disney time na data de ano novo em 1985, como comédia, aventura e música na tradicional visita ao mundo das viagens e novos filmes de Walt Disney. (História de uma família bem acomodada).
A variedade de posições históricas que nos oferecem diante do programa, são movimentos retrospectivos e prospectivos, que servem só para negar a história e para assegurar a nós que a família transcende a estas questões.
Do mesmo modo, outro conhecimento de consumo internacional de filmes e objetos da Disney, apesar da especificidade cultural do programa, nos assegura de que a família transcende as meras fronteiras nacionais e culturais. Tudo isto ocorre no tempo em que a Grã-Bretanha nos 55% dos lugares há um dos personagens da Disney.
c) Os garotos de Blackstuff
A cena dessa história ocorre em um clube noturno em que o Yosser Hughes (desempregado) encontra-se com as estrelas do futebol Graeme Sounes e Samme Lee. Uma vez vendo as coisas do ponto de vista de Yosser, nos sentimos fora do lugar e incômodos no entorno da sala de festa e na presença das grandes estrelas. Sem resistência Yosser vai adquirindo confiança.
Não somos expectadores que se situam numa posição onisciente, de conhecimento superior, pois o intercâmbio, a fragmentação física de outras posições favorece o entendimento de algumas das complexidades do desempenho e um conhecimento das contradições implícitas noutras atitudes. Participamos da posição de Yosser e também da incomodidade social que lhe é causada. O que nos nega é uma resposta simples e única frente a situação.
d) O programa de debate de rádio e várias questões. Alguma pergunta?
O moderador por seu modo de dirigir, não apresenta diferença entre os ouvintes que estão em casa e o público da sala, exceto na introdução que explica a situação do programa e as diferentes explicações ocasionais de detalhes que a audiência em suas casas não pode ver. Em outros, praticamente estamos ali, pois o programa nos converte em uma extensão da sala. Pois também, estamos situados, de maneira menos óbvia, pela localização dos diferentes microfones e o equilíbrio do som entre estes. Para o público que está em sua casa, as palavras dos membros da mesa possuem um volume e autoridade de que necessitam as palavras do grupo da sala e um membro individual da mesa pode facilmente superpor as instruções do grupo.
É ouvido, por mais natural que pareça, é igualmente ao produto final de inúmeros processos de seleção e filtração, uma construção exatamente igual às imagens visuais. Como revela o fragmento das imagens que acabamos de considerar, inclusão em um programa de rádio ao vivo dos sons que levam a audiência em suas casas estão muito controlados, muito mais que para os presentes em sala.
A manipulação dos sons é uma forma de controle social mais sutil e menos apreciado dos exercidos pelos meios.As várias questões nos situam como membro de uma cultura em que as contradições e os desacordos que nos separam podem se inserir dentro de um círculo de valores aceitos que nos unem a todos e são em definitivo menos importante que estes valores.
d)Family Fortunes
É um concurso que como muitos outros, trata de romper a distinção entre expectador e participantes. Se nos recebe no espetáculo com um gesto expansivo do apresentador. Se nos apresenta ao concurso (membro do público como os outros) que estão organizadas na unidade natural que é a família. As famílias de Family Fortunes são de raça branca, interessantes, atrativas e com emprego. O espetáculo consiste em outra cumplicidade com estas premissas e nos situa também a nós, como consumidores competitivo, ansiosos por participar do jogo junto aos concursados e por admirar os prêmios. Os próprios concorrentes não se comportam como parte integrante do espetáculo. Mostram sua categoria e sua afinidade com o público, aplaudindo ao longo do encontro. Identificam-se conosco do mesmo modo que nós com eles. Todos somos espectadores participantes.
Não há possibilidade de recorrer contra esta autoridade, selada pela mediação da benéfica tecnologia. A mesma nos converte a todos em subordinados, pois se trata de uma autoridade que todos compramos. Para que isto funcione assim, temos que tornarmo-nos indivíduos de massa e definir em nós mesmos os términos de outros pressupostos comuns, como subordinados a ideologia dominante e sermos despojados de opiniões minoritárias ou ponto de vista divergente. Portanto, tal participação constitui o verdadeiro caminho ao descobrimento da autoridade das normas aceitas e nos permite, enquanto indivíduos, alcançar uma unidade imaginária que reflete a coerência imaginária de outra sociedade.
Portanto, o funcionamento do programa consiste em encerrarmos a todos em um círculo de círculos familiares, em que há competição sem conflito e rivalidade e sem antagonismos. É o modelo perfeito de uma sociedade de consumo, liberado de suas contradições inerentes em que todos se beneficiam inclusive, os perdedores.
Por último, um breve comentário sobre a política sexual de contemplação, que é um tema que se tem prestado muita atenção nos últimos anos. Tem se confirmado que os meios situam a sua audiência em uma posição de espetacularidade dominante. Enquanto membros da audiência somos privilegiados e olhamos as atividades dos outros a partir de uma posição de segurança.
A maior parte dos documentos dos meios não são tão explícitos e reflexivos com respeito ao seu voyerismo. Sem resistência, a audiência tem que ser, por que as relações de poder se inscrevem sempre nos processos em que se contempla e se é contemplado. Em especial, a subordinação das mulheres se exemplifica e reforça, mediante sua freqüente representação como objeto de contemplação controlada pelo macho. Naturalmente nem todos membros da audiência são homens e nem todos homens da audiência são machistas.
Não estão também os personagens masculinos envolvidos com a contemplação da audiência? O material didático Selling Pictures produzido pelo Instituto Britânico de cinematografia, contém dispositivos de numerosas revistas que demonstram claramente que as mulheres são representadas como passivas, sorridentes e sedutoras. É só mirarmos muitas vezes de forma provocativa, conscientes de que são o foco de outras atenções. A maior parte dos homens as vezes são representados como dedicados a algum tipo de atividade e sua visão se dirige a algum outro lugar.

CONCLUSÕES
O exame do pequeno número de documentos dos meios nos revela a gama e complexidade das posições que constroem para suas audiências. Uma vez havemos captado a riqueza e diversidade das possíveis interações entre documentos e audiências, poderemos começar a conhecer os modelos de comunicação que conceituam as audiências como inquestionáveis recebedoras de mensagens, ou como usuários dos meios para sua própria gratificação.

SUBJETIVIDADE
É tratado de enfatizar a troca radical que supõe, para os enfoques tradicionais dos estudos, pondo ênfase sobre as relações audiência-documento. Também é indicado que existe relativo abandono das audiências na educação audiovisual sendo influenciado por seus antecessores literários, no que se consideravam os leitores como não problemáticos. Quais razões havia para duvidar que os leitores fossem indivíduos autônomos, que possuíam uma consciência livre? Verdadeiramente a idéia de que somos sujeitos autônomos e coerentes no sentido literal, sujeitos das ações que descrevemos, quando declaramos entrarmos na habitação. Creio que a economia de mercado é um suposto físico que se baseia nas formas estéticas dominantes, o realismo clássico. Como afirmava Catherine Belsey, se oferecermos como base óbvia de sua inteligibilidade, é suposto de que o personagem, unificado e coerente é a origem da ação. A subjetividade é um tema importante, talvez o principal, no realismo clássico.
Sem resistência incluo aqui, a noção de sujeitos contendo uma ambigüidade central, mesmo que por uma sugestão que somos agentes livres e autônomos, que atuam sem nenhum tipo de coação, por outra parte nos considera como possuidores de uma identidade, uma natureza humana inalterável capaz de transformar a maneira fundamental a nós e ao mundo em que vivemos. Este paradoxo é extraordinariamente conservador. Determina que as estruturas em que vivemos são temporais e inevitáveis, ao mesmo tempo aceitáveis porque não são impostas. Louis Althusser formulou com mais precisão esta ambigüidade central da noção de sujeito.
Temos sinalizado que os meios existem, primordialmente não para produzir entretenimento e informação, mas sim, para produzir a nós. É decidir determinadas formas de consciência, ao por em outro alcance uma série de posições desde que nós (enquanto sujeitos) podemos compreender um documento e conhecer neste (a nós mesmos) sua inteligência.
Uma das finalidades deste capítulo tem sido dar algumas indicações considerando a variedade e complexidade das posições dos sujeitos que nos oferecem uns tantos e quantos documentos dos meios.

O PRAZER
O prazer, como a ideologia, a retórica, a representação, a audiência etc. não é uma concepção que tenha dado muito apoio ao criticismo estético dominante. Na realidade o prazer tem sido tratado com muita cautela, como categoria que pertence mais propriamente a esfera da autobiografia do que da crítica. Uma dificuldade habitual no ensino audiovisual consiste em que ao comentar os documentos dos alunos em seguida recorrem a comentar o prazer, havendo imediato juízo de valor e tomando posições que pensam que devem defender. É importante, como é indicado em outro lugar, que os alunos contenham seus conceitos a fim de facilitar a investigação minuciosa de qualquer documento dos meios.
A vista de tudo isso, por que temos de levar a sério o prazer? Há umas quantas razões para ele. Em primeiro lugar, a educação visual muitas vezes tem sido uma empresa tão negativa, que ao mesmo tempo se requer um enfoque lúdico do tema, em que se destacam os aspectos positivos e prazerosos. Em segundo lugar, posto que a atividade de muitos enfoques dos estudos dos meios são resultado em definitiva falta de incentivo para professores e para alunos, em decidir, não são logrado mobilizar nenhum tipo de energia e entusiasmo somente, cabe esperar que o ensinamento dos meios que em si mesmo era divertida e participativa. Pode favorecer a motivação para que professores e alunos tomem esse trabalho com mais seriedade.. Em terceiro lugar, precisamente o prazer em si mesmo será uma das categoria que se dá amplamente por suposição, que não se examina e através do qual cabe suspeitar que se naturaliza a ideologia dominante, nos obriga a empreender nestes alunos a árdua tarefa de questionar estes prazeres. Não se trata de sermos hipócritas com respeito a outros prazeres, como tantas outras coisas, são muito menos inofensivo do que muitas vezes parecem.
Uma educação audiovisual ideal não deveria tratar de destruir os prazeres, sem buscar a maneira de ampliá-los e proporcionar novas formas diferentes de desfrutar. Há enormes obstáculos a essa idéia que não podemos elucidar, pois na realidade é que alguns prazeres não se podem compartilhar. Algumas pessoas podem sentir-se preocupadas e ofendidas por coisas que outras encontram prazerosas. Pode ser que haja elementos em um documento que agradem a todo mundo, pois se reflexiona sobre eles a possibilidade de que estão vinculados a fins duvidosos e opressivos.
Na realidade, muitos valores, com freqüência do tipo racista, sexista e reacionário, pois as vezes subversivos, que não poderiam aparecer de maneira respeitável na televisão, encontram espaços seguros nos inofensivos programas escapistas.
Todos nós professores e alunos têm que reconhecer a possibilidade de que o prazer que obtemos dos meios que tem sido ativamente produzido para nós, seja um instrumento para lograr neste consentimento com formas de dominação e opressão a que estamos opostos. São temas muito sérios, pois é necessário dar uma ligeira pincelada pedagógica para manejá-los. Em minha opinião, questionar é a única esperança que temos de favorecer o câmbio. Não é provável que isto se reproduza de forma imediata e nem se pode forçar. Posto que a iniciativa se situe, em última instância, na família dos próprios alunos. O objetivo primordial do professor não deveria ser defender um ponto de vista determinado sem promover uma atmosfera de confiança, no que se pode produzir uma reflexão madura e séria sobre estas importantes questões.

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